Antes das enchentes que abalaram o Rio Grande do Sul e inviabilizaram as operações do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, era comum ver das arquibancadas do estádio Passo D’Areia aviões pousando ou decolando. O que muitos não sabem é que a história do clube com a aviação vai muito além da proximidade com a pista.
A primeira viagem de avião de um time
Foi em 5 de junho de 1927 que uma viagem de duas horas e meia entrou para a história. Nesta data, o São José embarcou a bordo do hidroavião Atlântico, da Varig, para ir de Porto Alegre até Pelotas, onde faria um jogo amistoso. A aventura, raríssima para a época, deu ao Zeca o título de primeiro time de futebol do mundo a viajar de avião, feito atestado pela Fifa em 1992.
A decolagem foi nas águas do Guaíba, na Ilha dos Marinheiros, uma das localidades mais atingidas com a atual cheia do lago que banha a capital gaúcha.
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Ao todo, nove jogadores e dois executivos do clube encararam a viagem desafiadora, sendo que dois tiveram que ir no compartimento de bagagens da aeronave, que só tinha nove poltronas. Uma foto que registra os 11 passageiros em frente ao Atlântico foi feita a pedido do presidente Waldemar Zapp, como lembrança em caso de um acidente fatal. A preocupação era justificada, já que o dia era chuvoso e o avião estava com excesso de peso, pois os casacos dos atletas não foram incluídos na pesagem.
Dada a singularidade do evento, o São José só voltaria a viajar pelos ares em 1959. Mas as curiosidades não param por aí.
Estádio para não atrapalhar o tráfego aéreo
Antes de mandar seu jogos no Estádio Passo D’Areia, o São José teve outras sedes, dentre elas uma no bairro Navegantes. Em 1936, no entanto, assim como aconteceu em 2024, uma enchente avançou sobre a região. A subida das águas acabou destruindo a estrutura e deixou o time peregrinando.
O Zeca então passou a buscar uma nova casa e, em 1939, encontrou um terreno de três hectares pertencente a Rubem Berta, que mais tarde viria a ser o presidente da Varig. O crescimento habitacional do bairro frustrou os planos do proprietário de fazer da área uma pista de pouso, mas garantiu ao São José a oportunidade de construir seu caldeirão.
Sob a condição de que o local fosse sempre um estádio, para não ser ocupado com edificações altas que pudessem atrapalhar o tráfego aéreo do futuro aeroporto, seis dirigentes adquiriram o espaço por 250 contos de réis. No ano seguinte, teve início a construção do Estádio Passo D’Areia, o mais antigo de Porto Alegre ainda em pé.
